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    Entrevista com Paulo Freire por Carmen Lúcia Guimarães de Mattos
    (Carmen de Mattos, 1988-10-14) Freire, Paulo; Mattos, Carmen Lúcia Guimarães de
    Conversar com Paulo Freire sempre foi uma tarefa fácil. Alegre, entusiasmado e inteligente sua fala reflete o que pensa e nela ele retrata sua forma de ver o mundo de modo claro e espontâneo, sem, contudo, perder a dimensão de profundidade no tratamento do objeto do discurso. Assim, em meio a grande alegria do reencontro entre nós, conversamos sobre as comparações entre teorias, as combinações entre seu trabalho e o de outros grandes autores que influenciam a educação, e as viagens de estudo e trabalho em uma entrevista que se deu em 14 de outubro de 1988, conduzida por mim em sua residência em São Paulo. Eu considerava Freire mais do que meu líder acadêmico, ele representou para mim um mentor e guia, pois tive a oportunidade de frequentar suas aulas como aluna de mestrado em 1984, na Universidade Católica de São Paulo, logo após o seu retorno do exílio, quando ele estava particularmente entusiasmado por voltar ao Brasil. Ele contava histórias sobre a vida no exílio e o interesse internacional pelo seu trabalho. Naquele período eu tive a oportunidade de ser aluna dela, mas trabalhar com ele no campo de estudos, enquanto orientava um trabalho com pessoas da classe trabalhadora em bairro periférico da cidade. Neste sentido eu fui uma da pessoas privilegiadas viver de perto a Pedagogia de Freire, considerava-o um querido amigo e era assim considerada por ele. Como nos diria o próprio Freire, para efeito de didático, a entrevista foi editada de modo a torná-lo mais clara e facilitar sua leitura. A entrevista se deu de modo muito livre em forma de conversa informal, embora tenha sido gravada em vídeo com o consentimento do autor. Nela, duas questões teóricas foram postas pela entrevistada. A primeira sobre o posicionamento do autor em relação ao seu pertencimento teórico a uma corrente de pensamento e a segunda sobre a segunda sobre o objetivo de seu trabalho. A entrevista contempla ainda dois convites ao autor relacionados a suas atividades de viagem aos Estados Unidos da América naquele ano. Destaca-se o texto a filiação do autor ao que nomeou de Pedagogia Radical, sua identificação com os trabalhos de Karl Marx, Lev Vygotsky, Antonio Gramsci e Karel Kosík. Destaca-se ainda o objetivo de transformação social com presente intencionalmente em sua obra. Ao final, sobre convites a ele dirigidos, é importante notar a disponibilidade demonstra Freire em atender essas atividades e o modo franco com que negocia sua presença em bancas de tese que trabalham com a sua obra. Fonte: Carmen de Mattos